Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2021

Desfazer-se do corpo do romance e mostrar a voz que o antecede.

O romance clássico é construído por uma mesma estrutura, tendo por base fatos e personagens. Quando narrados em primeira pessoa, há a presença dos fatos e de uma estrutura que o organiza o enredo; há em alguns romances um narrador. Em As Ondas , o sétimo romance de Virgínia, a condução é toda feita por vozes. São seis: Rhoda, Susan, Neville, Jinny e Louis - e um espectro: Percival, um ponto de encontro, algo correlativo ao que o farol de Ao Farol era para os Ramsay. Em determinadas passagens, Percival é mesmo um ponto quase a ser alcançado, como o farol do romance anterior era um lugar a ser alcançado. É também o único que não é uma voz, mas um personagem. Voltando a estrutura do romance. É importante considerar que este seja conduzido não por personagens com corpos, mas por vozes de personagens, quase sem corpos. Essa imagem nos serve para pensar que Virginia abandonou o corpo da literatura, suas formas clássicas, seus parâmetros, para trazer em As Ondas o que é anterior à forma. Vir