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Mostrando postagens de dezembro, 2016

Os anos, de Virginia Woolf, e O Prazer do Texto, de Roland Barthes

   Para Roland Barthes, em O Prazer do Texto, há uma diferença entre o texto de prazer e texto de fruição. O texto de prazer é "aquele que contenta, enche, dá euforia; aquele que vem da cultura, não rompe com ela, está ligado a uma prática confortável de leitura (BARTHES, 1996, p. 20-21). E o texto de fruição é "aquele que põe em estado de perda, aquele que desconforta [...], faz vacilar as bases históricas, culturais, psicológicas do leitor, a consistência de seus gostos, de seus valores e de suas lembranças, faz entrar em crise sua relação com a linguagem". (BARTHES, 1996, p. 21).        Em Os Anos, que inicialmente durante sua criação tinha como título The Pargiters, acompanha durante cinco décadas (1880 a 1930) as transformações da família Pargiter. São eles os personagens que irão sofrer as ações de cinquenta anos de um mundo que passará por guerra, por transformações  sociais e tecnológicas ( a partir dos anos que se seguem depois de 1900, Virgínia já usa a

A Single Man, novela de Christopher Isherwood, e sua adaptação cinematográfica por Tom Ford

A Single Man, 2009. Dirigido por Tom Ford.   George é um homem que perdeu o companheiro de dezesseis anos de convívio. Esta ideia dá espaço para que imaginemos o conflito do personagem. Capas de A Single Man George é um homem adulto, homossexual, vivendo no período da Guerra Fria, professor de Literatura. Este conjunto de elementos, somados a perda do companheiro, que foi o amor de sua vida - "você é um homem romântico, professor." -, poderia ser trabalhada de diversas formas no cinema. Em "A Single Man", Tom Ford, enquanto diretor, consegue fazer eu conhecer o mais novo filme favorito de minha vida. O filme é a adaptação da novela de mesmo nome, de Christopher Isherwood, de 1964. Tom, enquanto diretor, desenha a iminente bomba que destruiria tudo de uma guerra que nunca explodiu às vias de regra, e isso nas entrelinhas da fala de um protagonista que discursa sobre o Medo ser sempre a maior ameaça. Ess

A morte em dois romances de Virginia Woolf

Mrs. Dalloway é certamente a obra mais famosa de Virginia Woolf, e seu quarto romance, de 1925; Os Anos, seu nono e penúltimo romance, de 1937. Ambos trazem em sua construção o fluxo de consciência, técnica também pela qual Virgínia é famosa. Atualmente, durante a escrita deste texto, estou lendo Os Anos. Diz-se ter sido o romance mais trabalhoso para Virgínia escrever. Enquanto em Mrs. Dalloway, acompanhamos um dia na vida de Clarissa Dalloway,  em Os Anos acompanhamos cinco décadas na vida da família Pargiter. Ambos acompanham como foco narrativo a vida de mulheres. O tempo fragmentado é, nos dois romances, tal como em todos os outros de Virgínia, o que impera. Um aspecto que trago aqui se refere à Morte em uma passagem de cada um dos dois livros citados, e suas significações. Não menciono este elemento morte nos outros romances por não encontrar as semelhanças que encontro nas duas passagens que irei citar de Mrs. Dalloway e Os Anos. Comecemos por Os Anos. Estamos no c